"Estamos cansados de viver mal, se comida não baixar, tudo que se feche"
A insatisfação popular com o alto custo de vida voltou a tomar as ruas de Moçambique. Em Matola-Rio, um grupo de manifestantes bloqueou estradas nesta segunda-feira (10), exigindo a redução dos preços dos produtos essenciais. Gritos de revolta ecoaram pelo protesto, refletindo o desespero da população. "Estamos cansados de viver mal! Se a comida não baixar, tudo que se feche!", bradavam os participantes.
Revolta e desespero
Entre os manifestantes, uma mulher expressou sua angústia com a crise econômica. "Eu tenho filho, tenho marido, mas não conseguimos viver assim! Meu marido trabalha para o Estado há 16, 17 anos e nunca teve aumento de salário, nunca teve férias! Estamos a pedir socorro!", desabafou.
A população denuncia que os preços de bens básicos estão insustentáveis. Um saco de cimento, que em algumas regiões é vendido por 220 meticais, chega a custar 450 meticais na Matola. "Isso faz sentido? Como é que podemos sobreviver assim?", questionavam os manifestantes.
Bloqueio e confronto com transportadores
O protesto causou um caos no trânsito. Transportadores foram forçados a interromper suas rotas, e passageiros tiveram que descer dos veículos contra a sua vontade. "As pessoas querem seguir viagem, mas não podem! Os transportadores estão a ser obrigados a regressar!", relatou um dos jornalistas que acompanhava a manifestação.
A tensão aumentou com a chegada da polícia.
Apesar da presença das autoridades, os manifestantes prometeram continuar os
protestos caso o governo não tome medidas urgentes. "Se os preços não
baixarem em dois dias, voltaremos às ruas! Matola-Rio vai continuar bloqueada
até que o governo resolva o problema", ameaçou um dos líderes do protesto.
Exigências à liderança
do país
Os manifestantes negam que a mobilização tenha
motivações políticas e afirmam que a luta é apenas pela redução dos preços.
"Nós não estamos a protestar por causa do Venâncio Mondlane ou qualquer
político! Estamos a protestar porque não aguentamos mais esse custo de
vida!", esclareceu uma manifestante.
Eles exigem que o presidente da República tome
medidas concretas para reduzir o preço dos produtos essenciais. "Que ele
mude a maneira de governar! Que faça algo para que possamos viver com
dignidade!", apelou um dos presentes.
A crise económica e o aumento do custo de vida
têm gerado uma onda crescente de descontentamento em Moçambique. Resta saber se
o governo atenderá às exigências da população ou se novos protestos e bloqueios
irão paralisar o país nos próximos dias.