Fátima Mimbirre: "O INSS é a vaca leiteira da nossa elite política"
A analista política Fátima Mimbirre criticou duramente a gestão das finanças públicas em Moçambique, especialmente no que diz respeito ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e às portagens. Durante um debate, Mimbirre acusou a elite política do país de utilizar o INSS como uma "vaca leiteira", desviando recursos que pertencem aos trabalhadores moçambicanos.
Críticas à gestão das estradas
A analista questionou a necessidade de cobrança nas portagens e afirmou que os cidadãos já pagam impostos que deveriam cobrir a manutenção das estradas. "Nós já pagamos impostos e esses impostos são justamente para pagar pela construção e manutenção de estradas", afirmou.
Segundo Mimbirre, é inaceitável que o governo alegue não ter recursos para garantir a redução dos preços e melhorar as condições dos trabalhadores, enquanto cria "empresas de meia tigela" para justificar o desvio de dinheiro público.
Ela destacou ainda que a Revimo, empresa responsável pela gestão de portagens em Moçambique, não construiu a Estrada Circular de Maputo, mas apenas realizou acabamentos. Para ela, isso levanta questões sobre a sua real necessidade e papel na economia.
INSS e o desvio de recursos públicos
Mimbirre denunciou que grande parte dos dividendos arrecadados pelas
portagens beneficiam funcionários do Banco de Moçambique e o próprio INSS.
"O nosso INSS, o dinheiro das nossas poupanças para a velhice, está a ser
roubado para alimentar um bando de pessoas que não sabemos quem são",
acusou.
Ela questionou o motivo pelo qual o governo insiste na cobrança de
portagens, sem transparência sobre a arrecadação e a destinação dos fundos.
"Se for para o INSS, temos de lembrar que ele é a vaca leiteira da nossa elite
política", afirmou, sugerindo que os recursos do instituto estão a ser
usados para sustentar interesses privados.
Desafio ao governo
Fátima Mimbirre desafiou a Assembleia da República a exigir transparência
na gestão das receitas das portagens e na aplicação dos fundos do INSS.
"Que a Revimo venha apresentar as contas da arrecadação, o valor que pagou
em impostos e quanto contribuiu para o pagamento da dívida ao credor chinês que
construiu a Estrada Circular", exigiu.
As declarações da analista reforçam o debate sobre a transparência na gestão dos recursos públicos em Moçambique e a necessidade de maior fiscalização sobre o uso do dinheiro dos cidadãos.