
Um novo escândalo financeiro volta a abalar Moçambique, envolvendo membros da elite política e judicial do país.
A empresa Luxoflex, pertencente aos filhos do ex-Presidente Filipe Nyusi, da presidente do Parlamento Margarida Talapa e da presidente do Conselho Constitucional Lúcia Ribeiro, acumula uma dívida de quase 305 milhões de meticais ao Banco Comercial e de Investimentos (BCI).
O caso foi tornado público após um despacho do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo datado de 26 de março.
Críticos como o economista João Mosca classificam a situação como um exemplo claro de "corrupção pura", sustentando que empresas ligadas a altos dirigentes muitas vezes nem têm estrutura operacional, servindo apenas para beneficiar de fundos públicos e contratos estatais.
Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública (CIP), denunciou a "promiscuidade entre o político e o judiciário", alertando que estas ligações minam qualquer esperança de eleições transparentes e gestão pública responsável.
Fael destaca ainda que a falta de autorregulação no topo do poder permite a impunidade, enquanto a Lei de Probidade Pública e o Código Penal continuam sem aplicação efetiva.
A polémica reacende também memórias de 2018, quando a fábrica de carteiras escolares da filha de Nyusi foi favorecida por contratos públicos, sem garantir o fornecimento efetivo às escolas.
“As crianças continuam a sentar-se no chão, enquanto os dirigentes desfilam em carros de luxo”, lamenta Fael.
Este novo capítulo aprofunda o descrédito das instituições moçambicanas e aumenta a pressão por reformas urgentes no sistema político e judicial do país.
Fonte: DW África – Reportagem de Nádia Issufo, publicada em 7 de maio de 2025. Disponível em: https://p.dw.com/p/4u4H1