Em declarações concedidas recentemente, Araújo detalhou os bastidores do congresso do partido, descrevendo uma estratégia delineada para garantir competitividade contra a FRELIMO, que optou por apresentar um candidato jovem.
Segundo Araújo, vários quadros da RENAMO reuniram-se em diversas ocasiões antes do congresso e mandataram uma equipa para abordar Ossufo Momade diretamente. Assista o Vídeo Abaixo:
O objetivo era convencê-lo a manter-se como presidente do partido, mas a ceder o lugar de candidato presidencial a outro membro, mais jovem e com maior capacidade de mobilização.
“Aproximámos o presidente Ossufo Momade e explicámos a nossa maneira de pensar, para o bem do partido e dele próprio, para que não fosse humilhado nas eleições”, afirmou Araújo.
O grupo justificava a sua proposta com base em três fatores principais: a pouca capacidade comunicativa de Momade, a falta de carisma e o contraste com a estratégia da FRELIMO, que indicou Daniel Chapo, um jovem nascido após a independência de Moçambique.
“Era como um jogo de cartas. A FRELIMO lançou um trunfo e nós deveríamos ter respondido com outro de igual ou maior força. Perdemos essa oportunidade”, comparou.
Entre os nomes sugeridos como possíveis candidatos presidenciais estavam Ivone Soares, Alfredo Magumisse, Elias Dhlakama, Viana Macalhães, José Manteigas, Picardo, além do próprio Manuel de Araújo.
A proposta previa que Ossufo Momade continuasse à frente do partido para concluir processos internos importantes, como a desmobilização de guerrilheiros, enquanto um novo rosto assumiria a linha da frente na corrida eleitoral.
No entanto, a estratégia acabou por ruir nos momentos finais do congresso, quando, segundo Araújo, ocorreu uma “mudança de última hora” que surpreendeu muitos delegados.
Ossufo Momade foi reconduzido como presidente e candidato da RENAMO à presidência da República, contrariando o plano traçado pelo grupo.
Araújo lamenta as consequências dessa decisão. “Hoje estaríamos a discutir quem seria ministro, quem seria embaixador, quantos deputados teríamos. Mas não foi assim. Paciência, a vida é mesmo assim”, declarou.
As críticas estenderam-se também à capacidade física e logística de Momade para fazer campanha. “Ele já não tem saúde para andar por quatro ou cinco distritos por dia. A campanha exige vigor, exige presença no terreno.
A RENAMO não tem os recursos do Estado como a FRELIMO. Precisávamos de alguém com energia renovada”, argumentou.
A entrevista de Manuel de Araújo lança luz sobre divisões internas no seio da RENAMO e revela como as decisões estratégicas em momentos cruciais podem moldar profundamente o rumo político de um partido.
Apesar da derrota nas presidenciais de 2024, Araújo destaca a importância de refletir sobre os erros e seguir em frente com responsabilidade e visão de futuro. Continua LER mais Clique Aqui
Fonte: Entrevista concedida por Manuel de Araújo e publicada em vídeo