Fármacos essenciais desviados para o mercado paralelo colocam em risco o sistema nacional de saúde
Uma operação levada a cabo pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) culminou na detenção de vários funcionários do depósito intermediário de medicamentos da província de Manica, sob suspeita de envolvimento num esquema organizado de furto de fármacos pertencentes ao Sistema Nacional de Saúde.
Segundo as autoridades, os medicamentos, destinados a abastecer unidades sanitárias públicas, estavam a ser desviados de forma sistemática para circuitos clandestinos. A operação criminosa era orquestrada a partir do interior do próprio armazém, considerado até então uma infraestrutura segura e estratégica na cadeia de distribuição nacional.
Os suspeitos, que tinham acesso autorizado ao local, aproveitavam-se da confiança institucional para retirar medicamentos sem levantar suspeitas. As substâncias saíam disfarçadas em caixas comuns, simulando entregas legítimas, mas tinham como destino mercados paralelos, clientes privados e até potenciais contactos fora da província.
Entre os medicamentos desviados, constam antibióticos, antimaláricos e outros produtos de primeira necessidade, cuja escassez pode comprometer o atendimento básico de milhares de cidadãos.
De acordo com o SERNIC, há fortes indícios de que se trata de uma rede criminosa com ramificações tanto dentro como fora do sector da saúde. As investigações continuam em curso, com o objetivo de identificar todos os cúmplices e responsabilizá-los judicialmente.
A revelação do esquema levanta sérias preocupações sobre a integridade dos mecanismos de controlo de stock e distribuição de medicamentos no país, num contexto em que o acesso à saúde pública ainda enfrenta múltiplos desafios.
As autoridades prometeram maior rigor na fiscalização dos armazéns de medicamentos e apelam à colaboração da sociedade no combate à corrupção e à sabotagem do sistema de saúde moçambicano.
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