
O Paquistão está a viver uma das revoluções solares mais rápidas do mundo, impulsionada não por políticas governamentais, mas por um movimento popular que se espalha das grandes cidades às aldeias mais remotas.
Com mais de 240 milhões de habitantes, o país tornou-se o terceiro maior importador de painéis solares em 2024, adquirindo 17 gigawatts de tecnologia, mais do que o dobro do ano anterior, segundo o think tank climático Ember.
Ao contrário de outros países em desenvolvimento, como Vietname e África do Sul, onde a energia solar depende fortemente de políticas públicas, no Paquistão a mudança veio de baixo para cima.
“Não há um empurrão político a conduzir isto; é um fenómeno liderado pelas pessoas e impulsionado pelo mercado”, disse Mustafa Amjad, diretor do programa Renewables First.
A combinação da queda drástica nos preços dos painéis solares chineses, aliada ao aumento de 155% nos preços da eletricidade nos últimos três anos e à instabilidade da rede elétrica nacional, fez com que milhares de famílias e empresas migrassem para sistemas solares próprios.
Este movimento, no entanto, não está isento de desafios. Especialistas alertam para o risco de colapso da rede elétrica tradicional, que pode entrar numa “espiral de morte” à medida que mais consumidores abandonam o sistema.
Além disso, o acesso à energia solar continua limitado aos que têm poder aquisitivo, aprofundando desigualdades energéticas no país.
Ainda assim, muitos acreditam que o caso do Paquistão oferece lições valiosas para outros países do Sul Global: energia limpa pode ser acessível e desejada, mesmo sem subsídios estatais, se houver condições de mercado favoráveis.
Fonte: CNN